nome:
Angelina Fernandes
ano nascimento:
 
freguesia: Castro Laboreiro
concelho:
Melgaço                             
distrito:
Viana do Castelo
data de recolha: 2022
 
 
 

Inventário PCI

Ver pessoas no acompanhamento

História sobre uma pessoa que viu um acompanhamento na sua viagem e conseguiu distinguir várias pessoas conhecidas.

Lendas do sobrenatural (procissão das almas; presságios de morte)

Transcrição

- "Houve outro ali em Corveira, (...) que é ao lado daqui, é aí a 5 quilómetros, Corveira. E um homem saía para a França de noite, porque como não havia muitos transportes, vinha a andar até aqui à vila e depois na vila é que agarrava um táxi para o levar ao comboio a, chamavam-lhe a Frieira. Então ele saiu cedo para ir agarrar o comboio à Frieira, para se ir embora para a França. No tempo que iam para a França. (...) Ficou a mulher e os filhos na casa.

E ele chegou à França, escreveu-lhe uma carta, que não havia telefones, escreveu-lhe uma carta rapidamente - parece que era um telegrama, uma coisa que era o que faziam rápido - e disse-lhe assim: «Olha, há de morrer uma pessoa aí em Corveira. Vai morrer uma pessoa aí em Corveira. Não sei quem vai morrer, nem quando, não. Mas vai morrer. Foi um acompanhamento lá. E eu cheguei ali mesmo ao cruzamento, desviei-me para passar, para ele passar. Eu vi, quem é que ia com a cruz, quem ia com a bandeira, quem ia com as lanternas. É pessoas, conhecia as pessoas todas, as que iam no acompanhamento. Tu, quando morrer alguém, repara quem vai com a cruz e com a bandeira, que eu conheci as pessoas. As pessoas são estas e estas e estas. E tu repara se vão estas pessoas no enterro.».

E pronto, foi dali a dias, morreu lá uma pessoa. E depois ela reparou quem ia com a cruz e com a bandeira e com as lanternas. Realmente era as pessoas que ele viu! Que iam no acompanhamento. Que iam naquela multidão de gente. E ele, como se desviou, estava perto, conheceu-as. Conheceu-as. Aquilo seguiu e ele seguiu atrás daquilo, ia-se embora. Seguiu. Disse: «Bom, agora isto vai-se embora, não vejo mais.».

Mas chegou às cruzes de Vigo, chamam-lhe as cruzes de Vigo, lá há também umas alminhas e ele parou. Parou, ele, parou atrás, também. Não se chegou. Mas arrepiou-se tanto, tanto, agarrou tanto medo, tanto medo, que ele disse assim: «Ai Jesus, como é que eu vou ali para a vila? Eu agora tenho medo de ir para a vila.». Mas pronto, arretou-se e foi. Depois esperou que aquilo passasse e não viu mais. Desapareceu. Ele seguiu o caminho dele e aquilo desapareceu. Não viu mais. Porque depois não tinha mais onde parar. Seguiu, aquilo seguiu. Ele não viu mais, mas ele disse assim: «Agarrei medo para a minha vida. Agarrei medo para a minha vida.».

É verdade. E conheceu as pessoas. E foi verdade que depois iam aquelas mesmas pessoas. Aquelas mesmas pessoas no funeral."

 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Angelina Fernandes

Contexto de produção

Contexto territorial

Castro Laboreiro
Castro Laboreiro
Melgaço
Viana do castelo

Contexto temporal

2022

Património associado

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão
Idioma

Equipa

Transcrição
Laura del Rio, Paulo Correia
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
Filomena Sousa, José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL