nome:
Armando Domingos, Maria Barreiros, Maria das Dores, Maria Glória
ano nascimento:
 
freguesia: Riba de Mouro
concelho:
Monção                              
distrito:
Viana do Castelo
data de recolha: 2022
 
 
 

Inventário PCI

Os diabos

Relatos sobre as ilusões dos diabos.

Costumes tradicionais (vezeiras); Lendas do sobrenatural (diabos)

Transcrição

- "Ali no outeiro, de antes, havia a rês. A rês das cabras e as rês das ovelhas. Cada um tinha um rebanho e depois, por exemplo, eu tinha 10 ou 20, ia um dia. Ele ia outro. Aquilo ia às semanas com a rês. Ao todo eram para aí 500, mas um é que por exemplo hoje, outro amanhã. E um dia, chamavam-lhe o tio Púcaro, faltava-lhe um carneiro. E então andavam todos a saber dele, a Zé, o meu marido - que, portanto, tem 61 anos, isto não é velho, ele tinha para aí 18 na altura. O meu marido e os meus cunhados, o tio Púcaro que já era mais velho, (...) à gente a saber do carneiro. Então viam um carneiro aqui, por exemplo acolá. [Diziam:] «Olhe, está aqui!». Chegavam a ele, nada. Tornavam a ir e viam um nas trancas da porta. Antes havia as portas e depois punha-se uma tranca assim na porta, para segurar a porta. Havia duas folhas e uma tinha uma tranca por dentro. Então «Olhai-o aqui, na tranca da porta!». Tornavam a ir, [mas não viam] carneiro nenhum. Andaram assim até que diz assim o tio Púcaro: «Vamos embora rapazes, que isto aqui não é o meu carneiro. Isto é o diabo.». E foram para o outro dia e o carneiro estava no meio dos outros. E andavam assim todos à procura dele."

- "Também teve o meu sobrinho, toda a noite a cuidar, nas estribeirinhas, no dia de São João, ainda agora não o vê."

- "O do Coco ali também."

- "Contava ele, não é? Contava ele que quando vinha do Santo António que viu um cordeirinho todo molhado e que agarrou nele. [Pensou:] «Vou levar.». E levou-o às costas. Diz que aquilo que lhe começava a pesar, a pesar, a pesar. E quando chegou perto do lugar, parece que ouviu assim um barulho como uma trovoada e não viu mais, e lá foi o carneirinho. O cordeirinho desapareceu."

- "E não foi o Merco do Coco e a Maria, na tranca da porta? A cabeça de uma vaca ou os cornos ou não sei quê, também viram ali."

- "Eles tinham as vacas. E uma noite uma vaca não veio para a corte [curral]. E foram à procura dela de noite. Foram à procura dela e o marido diz que viu a vaca. Só que ele diz que passava um portelo - um portelo é uma pedra alta que se usa para passar a gente e que ela anda bem. Ele passava e a vaca passava também. Diz que passava os portelos e passava tudo. E viu diante dele até à Tena, até às Poças da Tena. Eles chegaram ali e desapareceu. Ele contou à mãe e a mãe é que lhe disse: «Deixa a vaca ir. Deixa, vai para a cama. Deixa a vaca, que isso não é vaca. Isso é um diabo que anda aí». Diz que foram para a cama, se deitaram e depois que tinham a vaca com os cornos pendurada na tranca da porta."

- "A casinha ainda é viva. [Risos] É viva a senhora, o senhor não. E a casinha ainda está de pé, ainda não caiu."

- "Ela conta sempre isso."

 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Armando Domingos, Maria Barreiros, Maria das Dores, Maria Glória (Lola)

Contexto de produção

Contexto territorial

Ribas de Mouro
Ribas de Mouro
Monção
Viana do castelo

Contexto temporal

2022

Património associado

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão
Idioma

Equipa

Transcrição
Laura del Rio, Paulo Correia
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
Filomena Sousa, José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL