nome: |
Maria da Conceição Costa, Joaquim Simão, Marlene Castro |
ano nascimento: |
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freguesia: | Rubiães |
concelho: |
Paredes de Coura |
distrito: |
Viana do Castelo |
data de recolha: | 2022 |
- A batalha de Travanca
- Alumiar as almas
- As fiadas e o tronco
- Debaixo da laranjeira
- Defumar a trovoada
- Luas e ventos
- O Sarronco
- Oração ao deitar
- Os serões
- Os toques de morte no sino
- Para não ser ladrão
- Snifar rapé
- Tirar o ar ao morto
- Velar o morto
Relato e leitura de uma história sobre as fiadas, onde se juntavam raparigas para fiar o linho e os namoros que daí advinham. Costumes tradicionais (fiar o linho; namoro; zaragatas) - "Dantes fazia-se fiadas, por festa também. Além de fiarem o linho para a pessoa que as convida, uma fiada era uma festa. Era uma sala, aqui nesta minha sala houve ali muita fiada. Faziam um trono, assim um banco mais alto, outro mais baixo. Sentavam-se umas no de baixo e outras iam para o de cima. E depois era ali à volta da sala tudo eram raparigas a fiar o linho. Depois chegava uma hora do namoro, porque os homens onde cheirassem que era uma fiada era como uma matilha. Era tanto homem, tanto homem. E a certo ponto iam namorar. Subiam, saltavam para cima, escolhiam uma moça de baixo." - "Primeiro havia que piscar [o olho], se não fossem namorados [tinham] de piscar. Se ela dissesse que sim é que subiam. Agora, as que tinham namorados já, pronto, certo." - "Já tinham a coisa certa. Eu estou aqui sentada. Vem um trambeiro para a minha beira que eu não queria, que eu não gosto dele, levanto-me e não estou para estar a aturar o apeiro. Olhe, é como eu aqui e o Quim, era assim [sentados lado a lado]. Eles subiam e sentavam-se, aquilo era uma tábua corrida. Ele sentava-se aqui, já estavam outros ali. Primeiro fiava-se bastante, depois chegava-se à hora de namorar e já não rendia, já era mais para o pagode." - "Mas havia muita zaragata." - "Depois cada um levava uma vara na mão. O que fosse para a fiada levava ali uma valente vara na mão, já para a luta." - "Pois era. Fora, que vamos a isso! Houve muitas." - "Para as fiadas então não iam sem vara, que sabiam que ia haver merda." - "E depois quando queriam [que houvesse] algum barulho, o primeiro era o candeeiro que estava pendurado, para pôr tudo às escuras." - "Eu tenho uma história que vocês podem ler, que a Esperança descreve, que é a história de uma fiada e que conta exatamente isso da candeia." - "Bem, isto da candeia quem assistiu. Eu também assisti, mais nova, mas ainda fui a fiadas." - "E há cantigas. Posso ler um bocadinho? [Lê de um livro]: Do lugar era a mais linda A neta da tia Laurinda. De roca aparelhada, Toda enfeitada. Os rapazes vinham de toda a parte ver a sua arte. - Quem me dera ser o linho Que vós na roca fiais. Quem me dera tantos beijos Como vós no linho dais. Cantava Zé da Devesa, tolo com tanta beleza. Esperança continuou a fiar e respondeu-lhe a cantar: - Viva lá menino José, Raminho de ameixoeira, Debaixo da tua cama É um fedor a mijeira! Os rapazes cagaram-se todos a rir e Zé, zangado, começou a bater com a vara no sobrado. Armou ali uma zaragata e ZÁS, um estouro na candeia e a coisa ficou feia. Não se via vivalma, tia Laurinda pedia calma: - Ai cambada, que me deram cabo da fiada! Que o Simão tocava concertina sem parar, os moços de vara no ar, as moças a fugir, as velhas a cair. Zé aproveitou a altura, agarrou Esperança pela cintura, atirou pelos ares a roca e toma lá uma beijoca! E por causa de um beijo roubado, viu o casamento marcado. Depois a história continua, não acaba muito bem." [Risos]
Inventário PCI
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