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Dando continuidade às intenções definidas pelo Grupo, para que as nossas “raízes não sejam esquecidas nem se percam no tempo(9)”, passou a editar-se uma Folha Informativa trimestral que “dá conta de aspectos fundamentais da história, da actividade e dos projectos de trabalho do Grupo Folclórico e Cultural da Boavista”(10) e continua-se a recolha de danças e cantares no concelho de Portalegre. Actualmente, o Grupo tem um longo repertório que exibe parcelarmente, de acordo com os sítios onde faz as suas demonstrações. Todo este repertório está organizado e, em parte, descrito e analisado, em dossiers susceptíveis de serem consultados por investigadores e interessados na temática da música tradicional portuguesa, com maior incidência sobre a do Alto Alentejo.

As modas ou tipo de danças e suas variedades dançadas pelo Grupo são: Danças Palacianas (Dois passos de Alegrete; Tacão e Bico; Roda do Meio; Chotice Corrida; Pé Certinho; Picadinha Coxa; Bailarico da Alagoa); Bailes Campaniços ou Bailes de Terreiro (Cavalinhos; Cravo Roxo; Bailarico das Mondas; Laranjinha; Tiroliro; Passadinhas; Oliveira Pequenina); Jogos Bailados (Entrançado; Abracinho; Murtinheira); Bailes de Saias (Rita da Cara Bonita; Viva a Noiva; Vira-te, oh Rosa!); Viras e Danças Viradas (Vira das Palmas; Vira das Hortas; Vira de Quatro; Vira Passado; Vira Rodado; Moreninha Viraste; Pulante); Bailes de Roda (Moda das Carreirinhas; Deixa-te estar; Moda de S. Martinho; Viras tu, viro eu) e as Saias. Estas últimas eram, normalmente, cantadas mas também podem ser só dançadas ou mesmo cantadas e dançadas em simultâneo. As da região do Alto Alentejo são as saias serranas que, por conseguinte, fazem parte do repertório do GFCB: Saias de Alter; Saias da Ti Rosa; Saias Novas; Saias do Reguengo; Saias Rodadas; Saias da Serra e Saias do La-ri-lo-lé. A maior parte da recolha deste repertório deve-se ao labor de João Vidal, embora muito se continue ainda a fazer. Porém, é de realçar o cuidado e o rigor deste dedicado amante da etnografia e auto-didacta que anotava o nome, a idade, o lugar de nascença e de residência de quem lhe transmitia os cantares, de quem lhe dava as marcações das danças ou lhe prestava qualquer outra informação. Note-se também que este entusiasmo nasceu graças à influência de um dos seus professores, Casimiro Mourato, e da sua mãe, exímia cantadeira da região(11).

(9) Brochura 1995.

(10) Folha Informativa, nº2, 2008.

(11) João Vidal (n.1940), quando só tinha disponibilidade para visitar a mãe aos fins-de-semana, Catarina Rosado Tapadinhas (n.1908), passava os dias e a noite a gravar os seus cantares. “Deitavam-se quando deviam estar a levantar-se”, comenta a esposa de João Vidal, Ana Nunes, membro do Rancho de Santo António das Areias, onde enverga uma cópia fiel do fato de casamento da sua sogra.