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No 10º aniversário d’O Semeador, Domingos Bucho, membro do núcleo inicial e promotor de muitas recolhas: “Tudo era coração quente a bater nas veias, tudo era heróico, dramático, importantíssimo, gravíssimo. Jovialidade cândida. Sonho. Paixão. Nos primeiros tempos foi assim em todos nós. E foi bonito. Depois a realidade havia de nos esbofetear tantas vezes. A todos, entenda-se. E fomo-nos transformando, aprendendo.”(2) Mas não perderam o fôlego, nem o entusiasmo. O Semeador continuava. A sua acção de intervenção cultural na cidade e na região era notória. Organizava jogos de futebol, atletismo e torneios de damas, de xadrez e de ping-pong. Ao mesmo tempo promovia noites de convívio onde se faziam conferências sobre temas de interesse local e lançamentos de livros.(3) Dinamizava concursos de canto popular e jogos florais. Fazia feiras do livro e celebrava o Dia da Criança e o da Mulher. Tinha as suas próprias edições(4). Trazia cinema e teatro às colectividades. Convidava grupos como a Brigada Victor Jara e os Cantadores do Redondo ou cantores como Carlos do Carmo, Barata Moura, Zeca Afonso, Vitorino e Sérgio Godinho, entre muitos mais. As aulas de alfabetização foram um sucesso. A professora Domingas Valente era incansável no entusiasmo e na competência. O resultado está bem patente na frequência de um número significativo de alunos e nos seus resultados (5).

Ter um grupo de cantares era um projecto que há muito norteava O SEMEADOR, mas a sua concretização era sucessivamente adiada e repensada. Desta dificuldade dá conta O Semeador Informações, quando, em Março de 1982, refere que a Direcção decidiu reformular a ideia de constituir um orfeão. “Trata-se, uma vez mais – e será a quinta, se resultar – de reconstituir o Grupo de Música Popular do Semeador.”(6) Os obstáculos surgiam, em grande parte, por haver pessoas que, embora interessadas, só temporariamente exerciam a sua profissão em Portalegre, sobretudo médicos e professores (7). Havia também alguma falta de acordo entre formar um grupo coral ou um grupo de cantares tradicionais, mas em 1982 arranca-se definitivamente para esta última hipótese e, em 1983, a 23 de Maio, dia da cidade, o Grupo de Cantares faz a sua estreia (8)

(2) In Brochura publicada pelo GTAC no 10º Aniversário.

(3) Com Victor Sá, por exemplo, em 1981 – Cf. O Semeador Informações, Boletim nº 15, Junho 1981.

(4) Cf. Colecção (Re)descobrir Portalegre., Edições d’O Semeador.

(5) OS boletins, os relatórios de actividades e a documentação que o Grupo tem na sua posse testemunham este sucesso.

(6) Cf. O Semeador INFORMAÇÕES, Boletim nº 18, Março de 1982.

(7) Informação transmitida, em entrevista, por membros do Grupo.

(8) Cf.“ O Semeador”- Grupo de Cantares de PortalegreinA CIDADE, Revista Cultural de Portalegre, Nº 10, p.34.