Mostra/feira de livros de cordel.
O livro de cordel foi, durante muito tempo, o elo de ligação das pequenas comunidades com o exterior. Em meia dúzia de folhas impressas artesanalmente - dobradas e ligadas por um cordel - circulavam as grandes e pequenas notícias, os grandes e pequenos dramas, pedaços de peças de teatro de sucesso, profecias.....Os livros de cordel viajavam pela mão de pregoeiros que os vendiam - de aldeia em aldeia.
Ana Paula Guimarães chamou-lhes "folhetos à maneira de quem pendurava a vida a cavalo num barbante"
Hoje,vemos uma recuperação deste gosto pelo cordel em publicações de contadores, de escritores e de académicos. É com muito prazer que organizamos esta primeira mostra/venda de livros de cordel - novos e antigos.
Para conhecer um pouco mais esta área, a investigadora (IELT/FCSH-UNL) Ana Paiva Morais aconselha:
" Vale a pena uma leitura, ainda que rápida, como a que pude fazer, do folheto da autoria de Carlos Nogueira (Literatura de cordel Portuguesa: história, teoria e interpretação, Lisboa, Apenas Livros, col. À mão de Respigar, 5, 2003), pela quantidade impressionante de referências tanto a catálogos, como a estudos, como, principalmente, a textos do repertório nacional da literatura de cordel. Apesar de muito breve, este folheto dá várias pistas para uma "descrição" deste género, que o autor, aliás, diz ser indefinível.
Uma delas diz o seguinte:
«Uma literatura que se caracteriza pela tendência esquemática e reiterativa, pela variação na repetição», p. 17.
Noutra, onde se procura rever os elementos que aproximam a literatura de cordel da «literatura popular»:
«a forma de comercialização ou de exposição; a fragilidade da edição; os destinatários privilegiados; a brevidade dos textos; a linguagem objectiva, concreta, clara; a economia dos recursos que concorrem, em muita da literatura dita culta, para a densidade ou opacidade semântica e técnico-estilística do texto literário, recorrendo a códigos que facilitam a adesão a produtos desta cultura impressa; a simplicidade das estruturas e dos enredos; a precipitação da intriga, que dispensa desvios significativos; os protagonistas heróicos; os finais fechados com soluções tipificadas, tendentes para o "final feliz" ou moralizador; as concepções dualistas do bem e do mel; as emoções inequívocas, contrastantes; as ideias preconcebidas; o gosto pelo idealismo; a superficialidade crítica, cómica ou irónica; a propensão para o sentimentalismo; o tom coloquial e o comprometimento com a oralidade.», p. 5. "