nome: |
José António Esteves |
ano nascimento: |
1947 |
freguesia: | Vimioso |
concelho: |
Vimioso |
distrito: |
Bragança |
data de recolha: | Outubro 2010 |
- A mulher, a vaca e o juíz
- As correntes do sapo
- Deus e o moleiro
- Dois surdos
- O julgamento dos ovos
- Tirar leite às cabras
Vimioso "Dois surdos" - Uma conversa entre dois surdos resulta num caso cómico. José António, 1947. Vimioso Registo 2010. (…) Um António aqui (…) que era surdo. E o outro também era surdo. Iam a passar (…) encontrou-o: - Ói! – Assim…- ‘Tás(1) bom? Diz-le(2) ele, andava então numa curtinha(3), tinha nogueiras, andava atão(4) a apanhar as nozes e lá: - Ói! – disse ele - ‘tás bom?! Diz: - Não! Não teno(5) nada! ‘Tão todas furadas. Umas poucas (…). - Pois, ele entendeu assim. Mas o outro, como não entendeu também a conversa, que também era surdo, continuou: - Então e as vossas filhas são muito (…). - Não, senhor! ‘Tão todas furadas! Não… Pronto, aquilo passou. O outro (…) pa’(6) São Pedro. E ele ficou-se ali pensando que (…) que tinha falado bem um e outro. Passando um outro que andava ali perto, oubiu(7) a conbersa e levou-a pa’ taberna(8). Levou a conbersa pa’ taberna e depois é que soube que a conbersa deles, coitados, né(9)? O homem num(10) sabia nada, mas (…). José António Esteves, Vimioso, Outubro de 2010 Glossário: (1) ‘Tás – ‘estás’ ( pronúncia popular do verbo “estar” conjugado). (2) -Le – ‘lhe’ (pronome, registo popular e modo informal). (3) Curtinha – cortinha, por hipótese, « s.f Terreno agrícola, maior do que quintal, murado, situado junto da habitação ou perto dela (Fornos-FEC).» Barros, Vítor Fernandes, (2006). Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Lisboa: Edição Âncora Editora e Edições Colibri, p.125 (4) Atão – “então”, regionalismo de Portugal, de uso informal e coloquial que, no caso, denota espanto. (5) Teno – ‘tenho’ (em mirandês). (6) Pa’ – ‘para’ (usadode modo informal e coloquial). (7) Oubiu – ‘ouviu’ (trocar o “b” pelo “v” é um traço fonético comum nos dialectos do Norte do Portugal). (8) Taberna – tasca, loja de comes e bebes e onde se vendia vinho a retalho. (9) Né? – não é? Contracção do advérbio ‘não’ e da forma verbal ‘é’ – “não é”? (10) Num - não (linguagem, uso coloquial). Referências bibliográficas e recursos online utilizados no glossário: Barreiros, Fernando Braga. (1916). Tradições populares de Barroso. Revista Lusitana, Volume XIX. Lisboa: Livraria Clássica Editora, p. 76 Barreiros, Fernando Braga. (1937). Vocabulário Barrosão. Revista Lusitana Volume XXXV, Lisboa: Livraria Clássica Editora. P. 290 Barros, Vítor Fernandes, (2006). Dicionário do Falar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Lisboa: Edição Âncora Editora e Edições Colibri, p.254 Barros, Vítor Fernandes, (2010). Dicionário de Falares das Beiras. 1ª. Edição. Lisboa: Âncora Editora e Edições Colibri, p.243 Vasconcellos, José Leite de (1883-1895 ) «Dialecto transmontano», Opúsculos, vol. VI Dialectologia (Parte II), organizado por CINTRA, Maria Adelaide Valle, Lisboa: Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1985, pp. 139 VIANA, Aniceto dos Reis Gonçalves (1887-1889). Materiais para o estudo dos dialectos portugueses - Fallar de Rio Frio, typo bragançano dos dialectos transmontanos), Revista Lusitana, Volume I. Residentes do concelho de Vimioso que são convidados para iniciativas do Município e Biblioteca de Vimioso. Principais actividades desenvolvidas que estas manifestações culturais: Sons e Ruralidades em Vimioso ANAMNESIS - Encontro de Cinema, som e tradição oral. Feira de artes, ofício e sabores (ver links em documentação)
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