acervo: Brandão Lucas
documento: Touro. Antiga Divindade
sinopse: Divindade de origem oriental, velhos cultos que Roma acolheu e que as legiões difundiram por todo o Império.
Como boi de sacrifício, à boa maneira do culto de Serápis, ou como “boi bento” tomando parte da procissão do Corpo de Deus, em Penafiel, sempre presente nas Igrejas, ele parece ser uma divindade. Que não é, sabemo-lo nós !
Mas quando uma antiga capela é transformada em corte do boi do povo, o velho carácter de divindade que lhe é inerente, é-lhe de novo conferido e legitimado.
O boi do povo é um reprodutor, compete-lhe a continuidade da espécie e assegurar o futuro da comunidade agro-pastoril.
E quando ele é corrido como Vaca das Cordas, em Ponte de Lima, quando milhares de pessoas correm atrás do animal, ele, como antigo deus pagão, transfere, para quem está perto, para quem o toca, uma certa energia vital.
E nos dias da grande festa, a praça de touros está a abarrotar de gente que vem assistir – e poucos o sabem – à morte de um “deus”, que é pagão e que está vencido e, que por isso, é o diabo !


Carlos Brandão Lucas