Conheci uma rosa no mundo
“Conheci uma rosa no mundo
que é uma linda donzela
e um dia quando eu morrer,
eu só assim me esqueço dela.
Quando eu a vou visitar
e que ela me vê de repente,
pois deixa toda a gente
e vem-me depressa abraçar.
Começa-me logo a beijar
ou numa hora ou num segundo.
Porque tem um amor profundo,
por ser uma flor tão querida,
mas que me dá anos de vida,
eu possuo uma rosa no mundo.
Eu sinto consolação
que a natureza me ajudou,
quem esta rosa que fabricou
É gente da minha geração.
Deve junto ao seu irmão,
dentro da mesma capela,
- Vejam lá tenham cautela.
Está ele sempre a avisar,
mas eu não a posso desprezar
Por ser uma linda donzela.
Será pura e não vaidosa
porque vale mais que o dinheiro,
porque não há mais no mundo inteiro
para mim tão linda rosa.
Não deve ser desditosa,
cumpriu bem o seu dever.
Acreditem, e possam querer,
que mais coisas eu não sei,
mas só dela me esquecerei
um dia quando eu morrer.
Todas as rosas dão botão,
todos da mesma idade
e pra(1) eu matar a saudade
só aquela jogo a mão.
É uma rosa em botão branca,
não amarela.
Porque uma rosa como aquela
não se encontra em todo o lado,
depois de eu ser sepultado
é que eu me vou esquecer dela.”
Paulatino Augusto, Grândola, Fevereiro de 2007
Glossário:
(1) Pra: abreviatura oral de “para”.