• Nome: Vítor Alberto Aragonês Miranda
  • Data de Nascimento: 1967
  • Residência: Portalegre (freguesia da Sé).
  • Actividade profissional: Professor de Educação Musical.
  • Função no Grupo de Cantares: Director musical, músico.
  • Entrevista: 2010/2/11_ Portalegre_Sede do Grupo de Cantares
"As várias pessoas que passaram pelo grupo e que deixaram, de forma mais marcada ou menos marcada, mas que deixaram os seus apontamentos, deixaram a sua marca no Grupo de Cantares. E, portanto, lembrar o Santinho é sempre um momento engraçado. Portanto, o Santinho era o nosso Einstein (que depois vão poder ver nos posters e em algumas fotografias deles), portanto, era uma pessoa bastante interessante que tocava violino (que não tinha…era um instrumento que não tinha muito a ver com o grupo, com a música, mas que, na altura, ele quis integrar-se), ele estava no grupo bastante mais cedo do que eu, penso que fazia parte da formação inicial e era uma imagem de marca do Grupo de Cantares. E era uma pessoa excepcional, recordamos sempre com bastante alegria, acima de tudo, pela sua disponibilidade.

Lembro-me do Sr. Manuel, portanto, outra pessoa (que também já faleceu), na altura, também já com alguma idade, mas que tocava bandolim como poucos eu ouvi tocar! Tinha um trinado fabuloso! Portanto, na sua pose estática que nem um poste, sempre direitinho, e que de vez em quando, quando ouvia (que tinha um ouvido fenomenal) e quando, de vez em quando, quando ouvia uma desafinaçãozinha, e que eu deixava passar ou porque estávamos no ensaio ou porque é natural, acontece agora, a seguir já não acontece… Mas que ele lá atrás me fazia… Torcia-me a orelha! E outras pessoas que passaram pelo Grupo de Cantares. Pronto, as pessoas, acima de tudo.

Depois com o Grupo de Cantares em si: houve recolhas, portanto, bastante interessantes. Lembro-me, por exemplo, de um momento, de uma recolha que fizemos que quando pusemos o gravador, na altura com cassetes, quando pusemos a cassete a tocar e a senhora ouviu a sua voz, a seguir já não cantou mais nada porque ficou assustada! Porque nunca tinha visto um gravador! E, portanto, e quando ouviu a sua voz vinda daquela máquina, acabou-se a recolha, por exemplo."

Mas ouve dois espectáculos que fizemos que foram fabulosos. O Grupo de Cantares fez parte de um projecto distrital em ‘89 que era o São Mamede – Danças e Cantares em que estiveram envolvidos todos ou a maior parte dos ranchos folclóricos da região. Pelo menos foram convidados e depois desses fizeram parte lá, se não me engano, sete ranchos folclóricos para dançar e depois o Grupo de Cantares para tocar. E, portanto, essa foi a representação de Portugal na União Soviética em ‘89. Tivemos em Moscovo. E lembro-me daquele espectáculo, o espectáculo em que tivemos uma hora atrás de palco, do pano, para começar – com o peso das três bandeiras, portanto, da Geórgia, da União Soviética e de Portugal, com os discursos, com os hinos…. E que depois no final do espectáculo de duas horas e meia – portanto, foi uma coisa fabulosa – e que, ah, e uma coisa fantástica, que é aquela sala enorme, mil e tal lugares, portanto, toda a gente a bater palmas em uníssono que aquilo ecoava que era uma coisa de deitar a baixo! Foi uma experiência que fica.

E lembro-me de outro, portanto, completamente diferente, que tocámos para não sei quantos milhares de pessoas – o espectáculo que fizemos em Marrocos. Que faltou sairmos de palco como sendo, sei lá, um grupo de pop, um grupo de rock, sei lá, os Pink Floid! Portanto tiveram que ir chamar segurança – uma coisa… Uma coisa fantástica! Quer pela adesão, pela quantidade de pessoas, foi… Foi fantástico! Estes, portanto, talvez por serem grandes, por terem esta dimensão, ficaram mais marcados, mas podíamos lembrar muitos outros com certeza."